Preview da semana 17 da NFL
Temporada regular da NFL chegando ao final nesse domingo, vamos tentar fazer uma previsão de tudo que será definido ao longo do dia de hoje (não só o que está relacionado a playoffs).
Packers, 49ers, Texans, Patriots, Falcons, Lions, Steelers, Ravens e Saints já têm vaga garantida nos playoffs, restando assim apenas três vagas a serem definidas hoje. Wildcard da AFC e os campeões da AFC West e NFC East. Fora isso ainda teremos Ravens e Steelers brigando pelo título da AFC North e claro, Colts e Rams em busca da primeira escolha do draft.
1ª escolha do draft 2012 - Colts e Rams
Aqui é simples, se o Colts perder a pior campanha da temporada é sua, mas se vencer combinado com uma vitória do Rams a escolha vai para St Louis.
Rams recebe o 49ers, partida muito complicada e automaticamente deve perder, mesmo que jogue para vencer. O Niners tem um excelente pass rush e a linha ofensiva de St Louis é horrível, já sofreu 52 sacks nor primeiros 15 jogos, um absurdo. Sem contar que San Francisco precisa vencer para garantir a 2nd seed na NFC (que vale uma bye week no playoff).
Já o Colts vai até a Florida enfrentar o Jaguars, um jogo ganhável dependendo da vontade do time de Indianapolis. O Jags tem um ataque muito limitado, uma linha ofensiva que não dá tranquilidade para o seu quarterback Blaine Gabbert e se apoia no jogo terrestre de Maurice Jones-Drew, um dos melhores running backs desse mundo. Acho que se o Colts realmente quiser vence esse jogo, o time melhorou muito nas últimas partidas e está em melhor momento do que o time de Jacksonville.
O que o dono da pick irá fazer com a pick já é um assunto mais delicado a ser discutido mais a frente.
Título da AFC North - Steelers e Ravens
Não é matar ou morrer como na NFC East, mesmo a equipe que não vencer essa divisão está garantida nos playoffs, mas vale e vale muito um título aqui. O campeão joga a primeira fase dos playoffs em casa e o perdedor terá que visitar o vencedor da AFC West.
Eu acredito que o Ravens vai vencer o Bengals fora de casa, tornando assim irrelevante a partida entre Steelers x Browns e a presença ou não do Big Ben no jogo.
Título da AFC West - Broncos e Raiders
Talvez a pior divisão da NFL, mas pelo menos não perderá em emoção. O Broncos tem a vantagem no caso de as equipes terminarem empatadas e joga em casa contra o Chiefs. Deve ser uma partida interessante, ambas as equipes têm um jogo terrestre muito dinâmico, mas o Broncos tem o Tim Tebow e isso basta. Finalmente o Tebow pode mostrar o motivo da dispensa do Kyle Orton no início da temporada...Orton agora veste a camisa do Chiefs.
Mesmo se o Broncos vencer, o Raiders ainda não estará fora dos playoffs, por conta da 6ª vaga no wildcard. Ou seja, a situação atual de Oakland é a seguinte: Vencer o Chargers em casa e torcer por derrota do Broncos OU do Bengals, isso basta para ir à pós-temporada.
O jogo contra o Chargers é complicado, o Philip Rivers resolveu jogar nesse fim de temporada e tornará a partida muito difícil e eu arriscaria dizer aqui que San Diego vai vencer. No geral é um time melhor do que o Raiders, mas os turnovers fizeram com que essa equipe chegasse no dia de hoje sem chance nenhuma de playoff.
6ª vaga do Wildcard da AFC - Bengals, Jets, Raiders e Titans
Vou tentar explicar a situação de uma forma objetiva
Bengals 9-6
Titans 8-7
Jets 8-7
Raiders 8-7
Simples, se o Bengals vencer está dentro, em caso de empate a ordem ficaria assim: Raiders, Titans, Jets e Bengals.
Bengals 9-6
Titans 8-7
Jets 8-7
Raiders 8-7
Simples, se o Bengals vencer está dentro, em caso de empate a ordem ficaria assim: Raiders, Titans, Jets e Bengals.
Então o Jets tem uma situação muito delicada, precisa vencer o bom time do Dolphins e ainda torcer por derrotas dos três adversários diretos. Eu acredito que nem vai ganhar o jogo em Miami, então descarto o New York Jets
O Titans perdeu chances excelentes de ficar numa situação menos delicada, mas vai chegar na última semana dependendo dos outros para uma classificação. É muito possível sim, pode vencer o desfalcado Texans (que joga com o terceiro QB do elenco) principalmente se o Chris Johnson jogar aquilo que a gente sabe que ele pode. A defesa do Texans é excelente e se você não conseguiur estabelecer o jogo terrestre, um abraço. Vencendo aqui só precisa de tropeços de Bengals e Raiders que tÊm jogos complicados, muito possível.
Já falei do Raiders e o Bengals também tem uma situação complicada, se perder deve ficar de fora, vai ter que ganhar do Ravens, que tem uma defesa muito agressiva, com bom pass rush, força muitas 3rd downs e cede apenas 4.6 jardas por jogada, segunda melhor marca da NFL. Não acredito muito no Bengals hoje por ser um time ainda inexperinte, ainda acho complicado para Andy Dalton e AJ Green venerem o Baltimore a não ser que a defesa faça um jogo fora de série.
No fim das contas eu aposto na vaga indo para Nashville e o Titans enfrentando o Ravens no 1st round.
Título da NFC East - Giants e Cowboys
Esse aqui é o mais espetacular, não à toa é o Sunday Night Football da última semana da temporada regular. Os playoffs já começaram para New York e Dallas, quem vencer vai para os playoffs, quem perder vai pra casa, mais simples impossível.
Tony Romo e Felix Jones que foram poupados no jogo do último sábado contra o Eagles (que não valia absolutamente nada) devem jogar. O ataque do Cowboys muito bom, o Romo vem numa boa temporada, tem alvos como Jason Witten, Dez Bryant, Miles Austin e Laurent Robinson. O Giants também vai pelo mesmo caminho. Eli Manning já passou das 4000 jardas lançando e tem Victor Cruz e Hakim Nicks como recebedores. Pra quem gosta de ver um jogo com muitos pontos e muitas jogadas de efeito assista esse jogo.
Mas sim, temos um favorito aqui e esse é o Giants. Joga em casa, Eli Manning fecha muito bem os jogos e a equipe consegue vencer os grandes jogos, diferentemente do Cowboys que não consegue ter sucesso enfrentando times com record positivo. Além disso tem o desfalque de DeMarco Murray, calouro que se revelou um grande running back mas acabou se machucando rodadas atrás. Se o Giants conseguir correr com a bola, como fez no último confronto entre as equipes eu acho muito difícil perder essa vaga, mas ainda acredito num jogo emocionante decidido no fim como um legítimo jogo de playoff.
Preview da semana 16 da NFL
Após um Thursday Night Football melhor do que a encomenda, a partir deste sábado teremos o complemento da semana 16 da NFL. Isso mesmo, já estamos na penúltima rodada da temporada regular, mais rápido que isso só o Chris Johnson correndo com o vento a seu favor!
Então vamos rapidamente aos palpites para os jogos deste fim de semana:
Cleveland at Baltimore
Ok, o Ravens adora perder para times com recorde negativo, mas hoje não deve ser o caso. O Browns tem um ataque inexistente e vai jogar sem seu quarterback titular Colt McCoy. Os recebedores do time são muito fracos e Seneca Wallace lançando sendo pressionado por um dos melhores front 7 da liga e com a cobertura do Ed Redd? Por essas e outras acredito que devem evitar jogadas de passe e deixar o Peyton Hillis correr mais com a bola, mas o Ravens tem pelo menos três dos maiores run stoppers da NFL e o Hillis não vem em uma temporada boa. O que deixa claro que se não tivermos pelo menos três retornos de chute do Josh Cribbs (oh shit, ele talvez não jogue também) para TD o Browns perde esse jogo.
A secundária do Browns é até muito boa, mas segurar o ataque do Ravens durante 60 minutos sem defesa terrestre, enquanto seu ataque não chega à dois dígitos é duro, não irá acontecer!
Palpite: Ravens vence (Ray Rice passa das 120 jardas terrestres e 1 TD).
Denver at Buffalo
O Bills é um time muito diferente daquele que começou de forma sensacional a temporada. Não vence desde o fim de outubro (sete derrotas desde então) e de lá pra cá o Fitzpatrick lançou para 8 TDs, mas foi interceptado 12 vezes. Não será um bom natal para os nossos amigos em Buffalo, ainda mais porque enfrentam hoje o mago, gênio, deus Tim Tebow!
O Bills é um time muito diferente daquele que começou de forma sensacional a temporada. Não vence desde o fim de outubro (sete derrotas desde então) e de lá pra cá o Fitzpatrick lançou para 8 TDs, mas foi interceptado 12 vezes. Não será um bom natal para os nossos amigos em Buffalo, ainda mais porque enfrentam hoje o mago, gênio, deus Tim Tebow!
O Broncos tem o melhor (e mais divertido) ataque terrestre da liga e vai enfrentar uma das piores defesas contra corridas da NFL, um excelente matchup para Denver. McGahee assustou ao sair no meio do jogo contra o Pats por uma contusão, mas deve jogar hoje. Outro bom confronto vai ser o ótimo pass rush do Broncos contra a melhor linha ofensiva protegendo o QB, que é a do Bills. Permitiu aos adversários apenas 20 sacks esse ano.
Palpite: Broncos vence
Tamba Bay at Carolina
Não é dos jogos mais interessantes da semana. Nenhuma das equipes tem chance de playoffs, o Josh Freeman vem numa temporada decepcionante (não só por culpa dele) o Bucs é uma das decepções do ano na NFL. Já Panthers que tem um dos ataques mais explosivos da liga acordou muito tarde para a vida e só conseguiu mostrar competitividade agora nesse mês de Dezembro. Mas 2012 promete. E não, eu não vou gastar mais de cinco linhas falando sobre esse jogo.
Palpite: Panthers vence
Arizona at Cincinnati
Um dos jogos mais interessantes da rodada. O Cardinals melhorou muito das últimas semanas e ainda tem chance de ir para os playoffs, mas me preocupa um pouco a volta do Kevin Kolb, não sei se o Ken Whisenhunt vai ter coragem de tirar o John Skellton agora, após ele ter vencido cinco, dos últimos seis jogos em que foi o quarterback titular. Já o Bengals que briga vitória a vitória com o Jets pela última vaga no wildcard (a outra deve ser de Steelers ou Ravens, o que ficar em segunda na AFC North) deve ter o reforço de AJ Green, grande Wide Receiver calouro que não participou das últimas duas partidas.
Por ser o Cardinals um dos piores ataques da NFL (apesar de ter o WR mais confiável da liga) e estar enfrentando hoje uma das melhores defesas, em Ohio, eu vou apostar no Bengals. Mas o fato é que o Andy Dalton caiu um pouco nos últimos jogos e eu posso estar falando besteira mas não creio que este Bengals esteja preparado para jogar em Janeiro, é um time jovem, com uma defesa sólida que deve ter mais sucesso nos próximos anos.
Palpite: Bengals vence
Oakland at Kansas City
A contusão do Darren McFadden custou muito caro para o Raiders que certamente era pra estar na liderança da divisão. Nos últimos três jogos, foram três derrotas, principalmente porque o Carson Palmer teve que lançar 40+ passes em todos esses jogos, essa não é a receita do sucesso. A linha ofensiva ainda vem muito bem, mas Michael Bush correndo para 3.9 jardas por carregada não adianta.
O Chiefs vem motivado após bater o ex-invicto Packers no último domingo. A defesa do time é subestimada e o ataque vem se virando como pode com as ausencias de Jamal Charles e Matt Cassel. Se o Kyle Orton jogar 70% do que jogou contra Green Bay os Chiefs vão para a sétima vitória na temporada.
Palpite: Chiefs vence (Dwayne Bowe com 8+ recepções)
Miami at New England
Finalmente os Dolphins acordaram para a temporada. Matt Moore vem numa temporada surpreendente, Reggie Bush vem tendo o melhor ano da carreira disparado e o Brandon Marshall já recebeu para mais de 1000 jardas. Além de tudo isso o Dolphins ainda tem uma defesa terrestre sensacional. Pena que isso não deve bastar para vencer os Pats, com Tom Brady jogando o que sabe nos últimos jogos, o time de Massachusetts vem mostrando um futebol americano de playoffs e deve querer vencer para confirmar a 1st seed na AFC.
Palpite: Patriots vence
New York at New York
Jets vs Giants, duas equipes desesperadas tentando a vitória para poder continuar tendo chances de jogar os playoffs e além disso matar de vez o outro time da cidade. Você poderia imaginar algo melhor do que isso justo numa véspera de natal? Dificilmente.
É difícil prever algo aqui, muito difícil mesmo. O Giants vem de uma segunda metade de temporada terrível. Só venceu um jogo, que por sorte foi justamente o que precisava, contra o Cowboys no Texas. O jogo terrestre da equipe mal funciona e terá que enfrentar a secundária do Jets se quiser ter algum sucesso. Eli Manning apesar de muito mal contra o Redskins vem fazendo boa temporada e crescendo muito nos últimos instantes das partidas. Pelo lado dos jatos é a grande chance do Mark Sanchez de provar que pode decidir, apesar de uma boa melhora essa temporada e um excelente aproveitamento na redzone adversária, o camisa 6 do Jets ainda é muito contestado por todos nós.
Acredito que esse deve ser o melhor jogo da rodada e a julgar pelas últimas semanas, deverá ser uma partida de muitos pontos (Sim, ainda estamos falando de Jets e Giants)!!
Palpite: Giants vence
St Louis at Pittsburgh
O Steelers já está classificado para os playoffs, o time pode vencer o Rams só correndo com a bola, o pass rush de St Louis é um dos melhores da NFL...quantos motivos mais precisa para que o Big Ben seja poupado nessa partida? Janeiro chegando e ele precisa claramente ser sacado, é algo que ficou muito óbvil na partida contra o Niners, no Monday Night. Sem esse tornozelo funcionando numa eventual partida contra o Ravens em Janeiro? Esqueçe.
Palpite: Steelers vence
Jacksonville at Tennessee
O Titans tinha tudo para depender só dele na briga pelo wildcard, mas quando se perde para o Colts sem Peyton Manning é porque você não quer chegar nos playoffs. Chris Johnson voltou a péssima fase e fica complicado de vencer algum jogo que o Hasselbeck tem que lançar 40 vezes, até mesmo o coitado do Colts.
O Jaguars simplesmente depende demais do Jones-Drew no ataque. O Gabbert se mostra muito desconfortável no pocket e os recebedores também não ajudam. Acaba por ser um time limitado, quanto mais vezes o MJD tiver que correr com a bola menos ele vai render.
Na partida de estreia as duas equipes se enfrentaram e deu Jags, mas para hoje eu aposto no Titans.
PS-Não recomendo esse jogo para ninguém.
Palpite: Titans vence
Minnesota at Washington
Jogo mais inútil do que esse só se tivermos um Timberwolves vs Wizards no último dia da temporada da NBA. Mas falando sério, o Vikings tem que perder aqui se quiser ter a chance de pegar o Andrew Luck no draft. Eu sei que é complicado perder para o Redskins, mas se alguém pode fazer isso é o Vikings!! Lembrando que para ter a 1st pick ainda dependem de uma vitória do Colts na última semana contra o Jags, que vamos combinar, é perfeitamente possível. SuckForLuck!!!
Palpite: Redskins vence
San Diego at Detroit
Jogo bom também, duas equipes que estão desesperadas tentando vencer para chegar aos playoffs. Stafford e Megatron formam uma dupla simplesmente fora de série, mas eu tenho a impressão de que se o Chargers evitar os temidos turnovers (principalmente o engraçadinho do Philip Rivers) pode complicar bastante a partida. Como possivelmente o grande WR Vincent Jackson não jogará hoje eu vou apostar no Lions, mas sem nenhuma certeza e ainda acreditando num OT ou a partida sendo decidida na última campanha.
Palpite: Lions vence (150 jardas e 2 TDs para Calvin "Megatron" Johnson)
Philadelphia at Dallas
O Eagles começou a temporada com quatro derrotas nos primeiros cnco jogos, não teve Michael Vick por três semanas, a linha ofensiva tem buracos, é a segunda equipe que mais entrega a bola aos adversários, teve um calendário extremamente complicado e mesmo assim ainda briga por uma vaga no playoff. Tá certo que não depende só de si para que isso aconteça, mas pelo menos faz do jogo de hoje um atrativo e tanto. Já o Cowboys, mesmo perdendo hoje não muda quase nada, de qualquer forma vence a divisão com uma vitória sobre o Giants na última semana da temporada regular.
Esse também é complicado de prever, o Eagles joga fora de casa, mas nós vimos o último confronto das equipes, foi um baile do time da Philadelphia. O jogo do Eagles encaixou muito bem contra a defesa do Rob Ryan e inclusive vimos algumas campanhas ofensivas beirando a perfeição. Aquele é o Eagles que todos esperávemos antes do início da season.
O Cowboys parece ter sido muito facilitado pela força do calendário, único time derrotado por Dallas que hoje tem mais vitórias que derrotas foi o 49ers e isso preocupa bastante. Além disso o Cowboys perdeu recentemente por contusao, o bom calouro DeMarco Murray que vinha comandando o ataque terrestre da equipe. Vamos ver qual Tony Romo estará em campo hoje, aquele que tem o 4º melhor rating da temporada ou aquele que não consegue nem segurar uma bola para o kicker em momentos decisivos (pode acontecer de ser ambos).
Palpite: Eagles vence
San Francisco at Seattle
Não acho que vai ser um jogo fácil para o Niners, pelo contrário, o Seahawks vem crescendo e pode até chegar aos playoffs com um pouco de sorte, e o Marshawn Lynch vem numa fase sensacional, anotou pelo menos um TD (seja correndo ou recebendo) nos últimos oito jogos e dessas partidas, em cinco ele conseguiu pelo menos 100 jardas terrestres.
O 49ers é um grande time, provou isso na ultima partida contra o Steelers, vai chegar forte nos playoffs e faz isso sem ter um ataque explosivo, evitando turnovers e jogando simples. Parece que eu estou descrevendo o Tim Duncan, mas não é. Se repetir o que fez em boa parte da temporada, o Niners vence.
Palpite: 49ers vence
Jogos do Sunday Night e Monday Night Football eu deixo para um mini post amanhã, agora só queria desejar um feliz natal para o leitor do blog. Um natal de muito basquete e muito futebol americano!
Feito pelos amigos do @nbapullup !
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Especial NFL - A NFL e o futebol americano nos dias de hoje
Meu estado de saúde não permitiu ontem, mas hoje continuanos com nosso Especial NFL. Eu já expliquei o que exatamente é esse especial, um especial que vai explicar um pouco mais da NFL e do futebol americano para quem não conhece ou conhece pouco. Já pedi também ajuda para divulgação, pedi a todos que soubessem de alguém interessado para que espalhassem sobre o Especial. E se ontem começamos a introduzir a questão falando um pouco da história do futebol americano, hoje nós vamos falar um pouco mais do esporte hoje, as dimensões que ele atingiu dentro e fora dos EUA, e um pouco do funcionamento da NFL em si. Quem leu nosso primeiro post da série viu que o futebol americano surgiu pro resto dos EUA no seu nível profissional muito abaixo dos seus "concorrentes", basquete e baseball, e que essa história só começou a mudar em 1958, com o famoso The Greatest Game Ever Played, e a subsequente criação da AFL, que levou a uma fusão das duas Ligas e criou a NFL que nós conhecemos hoje. Hoje, portanto, vou falar sobre o que exatamente é essa NFL que nós conhecemos hoje.
Nos próximos dias vamos continuar desenvolvendo o Especial com outros temas, mas estamos abertos a sugestões, que vocês podem enviar para nosso emailtmwarning@hotmail.com ou no nosso twitter, www.twitter.com/tmwarning. A ideia aqui é justamente apresentar e ensinar um pouco do esporte a quem não conhece, então podem mandar emails para perguntar o que tiverem interesse em saber. Espero que depois do nosso Especial as pessoas que antes não tinham muito contato com esse esporte tenham maior interesse em ir atrás e acompanhar a temporada, e por isso peço novamente ajuda para divulgar nosso projeto para o maior número de pessoas possível. Muito obrigado e espero que gostem.
Após a explosão do futebol americano profissional nos EUA na década de 60, e a reestruturação da Liga após a fusão da AFL com a NFL, a nova NFL tratou de consolidar sua popularidade e importância nos EUA nas décadas de 70 e 80. Na década de 70, o surgimento de duas dinastias ajudou em muito a atrair ainda mais interesse para o jogo, já que as duas frequentemente batalhavam no Super Bowl (Pittsburgh Steelers e seus quatro títulos contra os dois títulos do Dallas Cowboys), interesse esse que aumentou quando algumas mudanças de regras tornaram o jogo um pouco mais rápido e dinâmico. Mas a NFL já tinha percebido que era um fenômeno cultural, e com a boa situação do jogo dentro de campo assegurada, se preocupou em solidificar sua estrutura de forma financeira, para evitar que ela passasse por crises como por exemplo a MLB enfrentou. A idéia - que naturalmente não foi imediata, mas ao longo das décadas seguintes - era tornar a NFL um enorme mercado dentro e fora dos EUA, altamente lucrativo que continuasse não só mantendo o esporte e os times vivos como também o tornasse um mercado atrativo para cada vez mais investimentos. Ou seja, uma vez consolidada a popularidade do esporte, a Liga buscou aperfeiçoar um modelo que permitisse solidez fora dos campos.
Olhando hoje, é difícil dizer que deu errado, ainda mais quando comparamos a situação da Liga com as outras duas Ligas americanas, a NBA e a MLB. O futebol americano é de longe o esporte mais popular dos EUA, e a NFL soube aproveitar isso muito bem para gerar receita. Apesar de contratempos - algumas temporadas encurtadas por greve, por exemplo - a NFL sempre se manteve no topo da cadeia alimentar. É mais fácil de se observar isso com alguns exemplos práticos: O jogo cinco da World Series do ano passado (San Francisco Giants ganhou por 4 a 1) foi assistido por 15 milhões de telespectadores nos EUA. O jogo 6 das Finais da NBA do ano passado (Que o Dallas Mavericks ganhou por 4 a 2), numa das temporadas mais acompanhadas, divulgadas e assistidas da NBA em muito tempo, teve 23,8 milhões de telespectadores nos EUA. E oSuper Bowl LXV, que aconteceu no começo desse ano, foi assistido por nada menos que 111 milhões de telespectadores só nos Estados Unidos, o programa mais assistido da história da televisão americana, sendo que 163 milhões assistiram ao menos um pedaço pequeno. Sabem qual é o segundo mais assistido? O Super Bowl do ano passado. Dos dez programas mais assistidos da história da televisão americana, nove são Super Bowls (e o outro é o último episódio do seriado M.A.S.H.).
Mas como eu disse, a questão não é só a popularidade e o número de pessoas que assistem. A NFL sabe como transformar isso em dinheiro. Eu já citei esse número, mas um comercial de 30 segundos no intervalo do Super Bowl custa 3 milhões de patacas. As grandes empresas que compram esses minutos de comercial guardam durante o ano todo seus melhores comerciais para serem exibidos nesse momento (Dois recentes muito bons são os do menino Darth Vader e da prisão de milionários). Os jogos de futebol americano não são atraentes só pelos jogos, eles são eventos. A Liga sempre separa dois dos melhores jogos da rodada (que acontece quase toda de domingo de dia) para passar nos domingos a noite (o famoso Sunday Night Football, da NBC) e segunda a noite (o histórico Monday Night Football, da ESPN, que completou 40 anos em 2010), e cada um tem uma apresentação toda estilizada, a do Sunday Night de 2010 por exemplo era genial, logo abaixo. (Para quem não entendeu, cada jogador aparece junto de alguma característica marcante da cidade/estado onde joga, então temos o Peyton Manning, do Indianapolis Colts, nas 500 milhas de Indianapolis e o Eli Manning, do New York Giants, na Times Square). Também vale dar uma olhada na abertura do Monday Night do ano passado.
Eu não consigo deixar de ficar arrepiado na parte do Saints
O Super Bowl também sempre apresenta um show no intervalo, que é bastante famoso em todo o mundo e apresentou recentemente, por exemplo, Black Eyed Peas em 2010 (com participação do Usher e do Slash), The Who em 2009, Bruce Springsteen em 2008. Outros exemplos de artistas importantes que tiveram shows no intervalo do Super Bowl incluem Michael Jackson, Paul McCartney, U2, Rolling Stones, Aerosmith e uma cacetada de outros. (Uma curiosidade engraçada foi que no show do Springsteen ele cantou a música Glory Days, que começa com a frase "I had a friend who was a big baseball player back in High School. He could throw that speedball by you making you look like a fool boy", mas na hora de cantar, ele adaptou a música e cantou "I had a friend who was a big football player back in High School. He could throw that Hail Mary making you look like a fool boy", sendo que Hail Mary é o nome dado a um passe longo e alto na direção da end zone. Para ver o vídeo é só clicar aqui, foi um dos melhores.)
Ou seja, o futebol americano não é só um esporte extremamente popular, a NFL sabe transformar muito bem isso em formas de chamar ainda mais atenção e, principalmente, em dinheiro (Por exemplo, os direitos de transmissão do show do intervalo do Super Bowl são vendidos separadamente. Só o show do intervalo do Rolling Stones, no Super Bowl XL, teve audiência de 90 milhões de pessoas), e também sabe usar esse dinheiro a seu favor. Uma das questões que eu mais gosto na Liga é o esquema de divisão de lucros, que é um dos motivos dela manter sempre uma certa solidez mesmo entre os times menores, o que evita as polarizações que temos na MLB (A folha salarial do NYYankees é quase dez vezes maior que a do Seattle Marines) ou até na NBA, onde temos muitos times de mercado grande e mercado pequeno.
Funciona da seguinte forma: A NFL, como esporte mais popular dos EUA, naturalmente ganha um dinheiro absurdo com transmissões de TV, direitos de uso de imagem e tudo mais. Só que os contratos - especialmente de televisão, e incluindo tudo isso que a gente falou acima - não são assinados com os times, e sim com a NFL em si, e a NFL repassa esse dinheiro IGUALMENTE para todos os times, o que deixa todos eles com uma saúde financeira considerável. Claro que os times tem fontes de ganho próprias - venda de camisetas, de ingressos, alugar o estádio para outros eventos (como o All Star Gameda NBA do ano passado, que foi no estádio do Cowboys) e tudo mais, o que favorece os times maiores, mas essa divisão igualitária dos contratos permite que até os times menores, em cidades menores e com torcidas menores tenham saúde financeira o suficiente pra se manterem competitivas no mercado. O Oakland Raiders não acabou de arrancar o Free Agent Kevin Boss debaixo do nariz do New York Giants?
Uma forma de exemplificar bem isso é a comparação com a NBA. Os dois estavam em greve - a NBA ainad está - mas a greve da NFL era uma brincadeira de criança. Eu já falei nessa comparação antes, mas ela ilustra bem o que eu quero dizer: A greve da NFL era uma piada, uma Liga que tem receita de nove BILHÕES de patacas por ano negociando quanto disso iria para os jogadores e quanto iria para os times. A melhor comparação que eu vi pra situação era a imagem de dois carteis milionários de droga dividindo um mega carregamento. Os dois iam sair ganhando muito dinheiro, a questão era quem ia ganhar mais. Quando a água batesse na bunda e a temporada ameaçasse atrasar, os dois iam sentar e resolver em questão de dias, que foi exatamente o que aconteceu. Na NBA a greve é pior, porque os times de maneira geral tem prejuizo. A NBA deixou de ser uma liga lucrativa, e os times de mercado pequeno (como Sacramento ou New Orleans) estão em complicadas situações financeiras porque não tem mais como manter a competitividade sem ter um dono bilionário que banque as despesas como o Mark Cuban, e por isso a vontade dos donos de mudar esses times para cidades grandes, como a questão do Kings indo pra Anaheim. Na NFL não precisa disso: Nossos dois últimos campeões foram dois times de mercados pequenos, o Saints da mesma New Orleans e o Green Bay Packers, que é um time de uma cidade com 100 mil habitantes que não tem um dono bilionário, pelo contrário, o time pertence - na forma de ações - aos moradores da cidade!
A cidade dos atuais campeões do Super Bowl
Aliás, o Packers é exatamente o time que melhor ilustra como funciona esse modelo de divisão equitativa da NFL. O Bola Presa fez um ótimo post ontem falando sobre lucros no futebol e no basquete, comentando sobre o livro "Soccernomics", e a conclusão do livro (e do post) é a seguinte: "A conclusão do livro é algo que a NBA e os donos de times iriam vomitar se lessem, mas que faz bastante sentido. Para os autores, os times deveriam ser conduzidos como museus: "organizações de espírito público que têm por objetivo servir à comunidade ao mesmo tempo que são razoavelmente lucrativas". Ou seja, serem conduzidas não totalmente como negócios, mas só a ponto de sobreviverem. Como museus, eles cobram e se esforçam para faturar, mas nada além de ir um pouco mais do que os gastos necessários.". O Green Bay Packers é um time sem fins lucrativos - ele pertence aos moradores da cidade, e somente eles podem comprar ações - e que, portanto, não tem um dono que fique investindo dinheiro. Mas ele consegue sobreviver nessa margem citada pelo Bola Presa - servindo à comunidade sem ser muito lucrativo, apenas sobrevivendo - porque o formato da Liga permite que ele tenha dinheiro suficiente para manter o time formado e competindo no mesmo nível dos demais. Todos os times possuem essa boa base financeira, e naturalmente quanto melhor o time maior será o dinheiro que vem diretamente para ele, como venda de ingressos, camisetas, prêmios, etc, então todos os times consequem sobreviver numa pequena margem de lucro e sempre tendo o incentivo para melhorarem e aumentarem esses lucros. Claro que tem o lado negativo da questão, alguns times com donos majoritários são acusados de fazerem 'corpo mole', evitando gastar dinheiro para deixar o time bom porque o dinheiro que eles ganham da Liga - associado a baixos gastos - é suficiente para manter uma margem de lucro menor, mas estável, sem se preocupar em gastar mais. Mas no geral a fórmula funciona muito bem e mantem a Liga toda competitiva, financeiramente falando.
Isso acabou gerando um mito sobre o "Hard Cap" que a Liga usa na questão salarial, também (um teto salarial que não pode ser ultrapassado em hipótese alguma). A NBA e a MLB não usam o Hard Cap - A NBA usa um Soft Cap (um teto salarial que pode ser ultrapassado mediante algumas regras e pagamento de multa para cada dólar acima dele que você está) e a MLB nem teto salarial não tem - e muitos dizem que é a existencia desse Hard Cap que mantém a NFL tão equilibrada entre os times grandes e pequenos e que ele deveria ser implementado nessas outras Ligas, especialmente a NBA que tem uma greve muito complicada pela frente. O Hard Cap sem dúvida evita que times com donos zilhonários que realmente são entusiastas no esporte e querem gastar até o ultimo centavo para serem campeões, como o Jerry Jones do Dallas Cowboys (Qual o problema da cidade de Dallas com esses caras? Ou o contrário, sei lá!), contratem jogadores a preços kajilhonários e polarizem brutalmente a Liga pela parte financeira, mas a principal base de estabilidade entre os times da NFL são os lucros divididos igualmente que permitem que todos os times -grandes e pequenos - tenha a base monetária suficiente para existir sem ter prejuizo mesmo gastando o mesmo que os outros - gasto esse limitado pelo Salary Cap, claro. Claro que boas gestõs e má gestões vão fazer times serem bons por mais tempo ou por menos tempo, a NFL também vive muito de dinastias (Steelers nos anos 70, 49ers nos anos 80, Cowboys nos anos 90,Patriots nos anos 2000) e um time que consegue organizar uma boa base geralmente vai se manter boa por mais tempo, pelo simples fato de que esses times tem dinheiro para tal. O Milwaukee Brewers da MLB, por exemplo, montou um time com ótima base recentemente. Mas o time não tem como competir financeiramente com os outros times e por isso não vai ter como reassinar seu principal jogador, Prince Filder, que vai ficar Free Agent, já que o time gastou todo o dinheiro que podia reassinando o Ryan Braun, outro jogador chave, senão começaria a operar em grande prejuizo pelo desequilibrio da folha salarial.
Em resumo, o formato que a NFL montou está funcionando justamente para garantir aos times competitividade financeira dentro do Salary Cap que a Liga tem. Claro que times mais ricos vão construir estádios maiores e etc, mas os times pequenos não precisam desmontar seus times porque financeiramente não tem condições de manter um elenco bom e caro junto, caso por exemplo do Utah Jazz. E isso garante sim uma competitividade na Liga muito interessante que sem dúvida contribui para a manutenção da popularidade e da atenção que ela tem.
Uma coisa legal também do futebol americano de hoje é que ele não está mais limitado aos Estados Unidos. A NFL fez um bom trabalho de difundir o esporte no resto do mundo, e o resto do mundo também adotou o esporte, que não para de crescer, inclusive aqui no Brasil. A NFL costuma mandar um jogo por ano oficlamente fora dos EUA, por exemplo no México e em Londres, e tem planos pra mandar ainda mais desses jogos fora do país. O time Buffalo Bills manda uma parte dos seus jogos no Canadá e existem conversas para o time se mudar para Toronto. E por conta própria, muitos outros países também desenvolveram o esporte. Aqui no Brasil, muitos jogadores por puro amor ao esporte e sem receber nenhuma remuneração, montaram times, gastaram o próprio dinheiro em passagens e equipamentos e montaram uma Liga no país. A Liga continua evoluindo, mais times estão entrando e a ESPN está dando uma cobertura muito legal ao campeonato, assim como outros jornalistas também tem feito um bom trabalho pela divulgação do esporte no Brasil, se eu citar todos aqui vai ficar enorme. O futebol americano é um dos esportes que mais cresce no Brasil na atualidade, mas não só aqui. Por exemplo, quando fui nas férias visitar a família em Portugal, liguei a TV e assisti à final do campeonato Italiano de futebol americano!! A Europa tem uma Liga profissional de futebol americano (onde jogou, por exemplo, o lendário Kurt Warner) faz vários anos também. O Super Bowl foi assistido por 111 milhões de pessoas nos Estados Unidos (sendo que mais de metade da população de lá, 163 milhões de pessoas, assistiram pelo menos um pedaço dele), como já disse, mas foi assistido em algum momento por cerca de 200 milhões de pessoas (eu não consegui achar o número exato, infelizmente) se contarmos todo o mundo. O futebol americano não é só um esporte americano, muitas partes do mundo estão aproveitando o embalo gerado pela globalização (Hoje em dia da pra assistir NFL em qualquer lugar do mundo praticamente, graças às evoluções em termos de transmissões) pra praticar e conhecer melhor o esporte também. Eu não sou muito especialista em futebol americano brasileiro, pra isso é melhor acessar o ótimo 10 Jardas ou o diário NFL, mas o trabalho que os jogadores, técnicos e organizadores estão fazendo por aqui é incrível e revela muita vontade de popularizar o esporte por aqui.
Cuiabá Arsenals venceram o Brasil Bowl 2010
Por fim, antes de passarmos para mais perto do jogo em si nos próximos posts, eu queria esclarecer o formato do campeonato da NFL. A NFL é composta por 32 times divididos em duas conferências - NFC e AFC - com 16 times cada. Dentro de cada conferência temos quatro divisões - West, East, North, South - com quatro times cada. Em cada conferência, se classificam seis times - Os quatro campeões de divisão e os dois times não-campeões com melhor aproveitamento (nada impede que sejam da mesma divisão). Os campeões de divisão são divididos nas Seeds 1 a 4 de acordo com o aproveitamento (o melhor fica com a 1ª Seed, o segundo com a 2ª, etc) e os dois Wild Cards ficam com a 5ª e 6ª Seed (Melhor campanha fica com a 5ª, pior com a 6ª). Na primeira rodada dos playoffs, se enfrentam em cada conferência na chamada "Semana Wild Card" os times com as Seeds 3 e 6 e as seeds 4 e 5, sendo que os dois campeões de melhor campanha de cada conferência folgam nessa semana. Na semana seguinte, em cada conferência, o time com a 1ª Seed enfrenta o time classificado de pior Seed, e o com a 2ª Seed enfrenta o time classificado de melhor campanha na Semifinal de conferência, e os vencedores dos dois jogos se encontram nas Finais de conferência, de onde sai o campeão de cada uma das duas (vale destacar que o time com Seed mais baixa sempre joga em casa). No final, o campeão da NFC e da AFC se encontram no Super Bowl, que é disputado em um lugar estabelecido muito antes do começo da temporada começar (por exemplo, esse ano será em Indianapolis), independentemente de quem tiver a melhor campanha.
Agora que explicamos a história do jogo e a realidade do jogo e da Liga no momento, vamos passar para algo mais palpável - o jogo em si. Se algúem achar que tem algo que valha a pena falar ou esclarecer antes, por favor nos mande email, se a sugestão for boa podemos fazer um post especial. Se não, vamos começar já no próximo post a esclarecer o funcionamento do jogo, especialmente algo que eu acho fundamental para entender futebol americano - o papel de cada posição.
Especial NFL - A história do Futebol Americano
Quinta feira finalmente chegou, e com isso, começamos o nosso Especial NFL. Eu já expliquei o que exatamente é esse especial, um especial que vai explicar um pouco mais da NFL e do futebol americano para quem não conhece ou conhece pouco. Já pedi também ajuda para divulgação, pedi a todos que soubessem de alguém interessado para que espalhassem sobre o Especial. E acho que agora é hora de começar, e pra começar, vou voltar bem do começo e falar um pouco sobre a história do futebol americano, é um tema pouco prático mas eu acho interessante saber de onde veio e como evoluiu o esporte como um todo (Não se preocupem, não vou ficar falando de questões muito pontuais como mudanças de regras).
Nos próximos dias vamos continuar desenvolvendo o Especial com outros temas, mas estamos abertos a sugestões, que vocês podem enviar para nosso email tmwarning@hotmail.com. A ideia aqui é justamente apresentar e ensinar um pouco do esporte a quem não conhece, então podem mandar emails para perguntar o que tiverem interesse em saber. Espero que depois do nosso Especial as pessoas que antes não tinham muito contato com esse esporte tenham maior interesse em ir atrás e acompanhar a temporada, e por isso peço novamente ajuda para divulgar nosso projeto para o maior número de pessoas possível. Muito obrigado e espero que gostem.
Acho que todo mundo que conhece ou já ouviu falar de futebol americano, em algum momento, viu alguém confundir (ou então confundiu sozinho mesmo) futebol americanoe rugby. Os dois são conhecidos popularmente pelo fato de serem esportes de muito contato e usam bolas ovais semelhantes, então muita gente acaba confundindo os dois, eu já perdi a conta de vezes que estava carregando uma bola da NFL e alguém me perguntou se eu jogava rugby (algumas até riam porque me achavam magro demais pra isso). Mas isso não é algo estranho, já que ambos os esportes tem passados altamente ligados.
Os primeiros registros do futebol americano datam da metade do século 19, quando ainda andava muito junto do rugby, tanto que em muitos lugares ainda eram vistos como uma coisa só, um esporte inglês no qual os jogadores tinham que chutar a bola por entre os postes. As variações eram mais locais(cada lugar jogava com uma regra diferente, por exemplo) do que globais e o esporte futebol americano ainda não tinha tomado forma, assim como o rugby também não tinha contornos definidos, embora estivesse mais avançado. Com o passar do tempo, o esporte foi ganhando algumas especificações e foi começando a ganhar forma e organização, especialmente nas universidades dos Estados Unidos, e as regras começaram a ser padronizadas. Mas só foi surgir de vez como um esporte diferente dos outros quando Walter Camp, conhecido como o Pai do Futebol Americano, propôs uma série de mudanças ao jogo, como por exemplo a ideia de atingir uma meta de jardas para manter a posse de bola e o fato da jogada começar com um snap, quando o Center joga a bola por entre as pernas para trás, entre tantas outras que foram criadas por ele. As mudanças foram amplamenta acatadas pelos responsáveis pela padronização das regras, e é essa que é considerada a criação do futebol americano.
Walter Camp, o Pai do Futebol Americano
Com essas regras, o futebol americano começou a se separar definitivamente do Rugby, e mais pessoas começaram a participar do processo de formação desse novo esporte, entre eles John Heissman, que hoje da nome ao Heissman Trophy, que é dado ao melhor jogador do futebol americano universitário. Heissman, Camp e muitos outros jogadores e técnicos relacionados ao futebol americano começaram a instituir cada vez mais regras (permitiram o passe para frente, padronizaram os ataques com 11 jogadores, etc) que moldaram aos poucos o esporte e finalmente o definiram como tal. Ao final do século 19, o esporte já estava constituido e era praticado de forma muito intensa nos Estados Unidos, especialmente no nível universitário. Como Camp, Heissman e a grande maioria dos envolvidos na criação do esporte eram atletas ou técnicos de universidades, não era de se surpreender que tenha sido logo nos Colleges que o esporte começou a sua expansão, a se difundir e virar um fenômeno nacional. O surgimento dos Bowls - as finais do campeonato de futebol americano universitário - é dessa época e os Bowls começaram a crescer em importância e popularidade a uma velocidade alucinante, até que no começo do século 20 já estavam entre os grandes acontecimentos esportivos do ano nos EUA.
O surgimento e a difusão do esporte se deu por meio das universidades, mas o esporte não tardou a surgir profissionalmente nos EUA. Alguns times amadores já surgiam no final do século 19 mesmo fora das universidades, e é de 1892 o registro do primeiro jogador a ter sido pago por um time para jogar por ele, no caso William Heffelfinger, que ganhou 500 dólares para jogar um jogo pela Allegheny Athletic Association. O esporte começou a se profissionalizar em pequena escala no país desde então, mas foi apenas em 1920 que dez times de pequenas Ligas ou independentes se juntaram emCanton, Ohio (onde atualmente fica o Hall da Fama da NFL) e formaram a então chamada American Professional Football Conference (Algo como a Conferência Americana Profissional de Futebol Americano), presidida pelo famoso atleta Jim Thorpe, que dois anos mais tarde foi rebatizada para National Football League, a NFL. Uma curiosidade é que apenas duas franquias que ainda existem fizeram parte das dez iniciais, o Chicago Bears, então chamado de Decatur Staleys, e o Arizona Cardinals, que na época ainda era o Chicago Cardinals. Ao longo dos anos 20 e começo dos anos 30, a Liga continuou juntando membros até que, em 1933, finalmente organizou seu primeiro campeonato oficial dividido em duas conferências - Leste e Oeste, na época - e que terminou com uma Final que colocou frente a frente os campeões de cada uma.
Don Hutson, o primeiro grande WR da história,
muito gatinho com sua touca em foto de 1934
Ao longo dos anos subsequentes, a NFL continuou se expandindo e se organizando melhor, organizando campeonatos e tudo mais. Ganhou mais popularidade, dinheiro e fama, mas o futebol americano profissional ainda era um esporte secundário em relação ao basquete e, principalmente, ao baseball. Grande parte dos times que surgiam na época adotavam os mesmos nomes dos times de baseball da sua cidade, como uma forma de ganhar mais destaque e popularidade. Muitos times hoje conhecidos por outros nomes já tiveram nomes de times de baseball, como Pittsburgh Pirates (Hoje Steelers),Cleveland Indians (Hoje Browns) e Detroit Tigers (Hoje Lions). Um exemplo que sobrevive até hoje é o New York Giants. Os Giants do baseball podem ter saído de New York há muito tempo, mas o time de futebol americano que adotou seu nome continua lá até hoje. Esses nomes eram uma forma de tentar atrair mais torcedores e entusiastas vindos do baseball, que era o grande esporte dominante na época nos EUA.
Em termos de futebol americano, o esporte universitário era a grande atração esportiva na época, mas a NFL ainda não tinha tanta atenção assim. Isso mudou em 1958, quando foi disputado o que é conhecido como "The Greatest Game Ever Played", o Maior Jogo da História numa tradução livre. O jogo que ficou conhecido como tal foi a Final do campeonato de 1958 entre o Baltimore Colts e o New York Giants, que foi o primeiro jogo televisionado de futebol americano da história. O jogo terminou com a vitória do Colts na prorrogação após o lendário QB Johnny Unitas ter liderado um ataque de dois minutos no final da partida para empatar o jogo com um field goal e levar o jogo para OT, campanha que originou o termo "Two-Minute Drill", mas a importância dessa partida foi muito maior do que qualquer coisa que aconteceu dentro de campo naquele dia.
Johnny Unitas muda para sempre a história do futebol americano
Esse jogo foi o momento que definitivamente marcou o crescimento do futebol americano no país. A partida que foi televisionada pela NBC e assistida por 45 milhões de telespectadores (Sem contar a área urbana de New York) foi um dos maiores fenômenos culturais da época, e atraiu um interesse absurdo. O futebol americano deixava de ser um esporte pouco conhecido para concentrar as atenções de todos os Estados Unidos com esse jogo, atingiu níveis de popularidade históricos e mudou, de uma vez por todas, o paradigma do futebol americano como sendo o esporte menos popular de lá. Não foi imediato, mas a atenção que esse jogo atraiu e a enorme publicidade que trouxe para o esporte foi apenas o começo de uma nova era na NFL. Em 1960, um bilhonário texano chamado Lamar Hunt que queria aproveitar a recém adquirida visibilidade do esporte criou a American Football League, AFL, que tinha como objetivo rivalizar com a NFL. Os altos investimentos feitos na AFL - e as devidas respostas dos times da NFL para manter o status - contribuiram ainda mais para atrair interesse, e a partir desse momento o futebol americano entrou em um vertiginoso ciclo de crescimento.
Durante os seis anos subsequentes, com o esporte escalando em popularidade, a NFL e a AFL competiram para ter o melhor campeonato. Cada uma tinha um Draft separado (Por exemplo, em 1965, o QB Joe Namath foi a primeira escolha dos dois Drafts, mas optou para ir para o New York Jets, da AFL, ao invés do Saint Louis Cardinals, da NFL), e ambas disputavam até para tirar jogadores de times da Liga rival (Naturalmente os contratos entre um time da AFL e um jogador não eram válidos na NFL, e vice versa). Essa disputa chegou a tal ponto que, em 1966, um representante da NFL e Lamar Hunt marcaram uma reunião e decidiram fundir as duas Ligas em uma só, ato que ficou conhecido como "The Merger" (algo como A Fusão). Assim, as duas Ligas se fundiram em uma só, que manteve o nome de NFL e criaou suas duas conferências, a NFC - representando os times da antiga NFL - e a AFC - representando a AFL. Ficou estabelecido que o formato do campeonato seria unificado (algumas regras usadas na NFL e na AFL eram diferentes, tanto dentro como fora de campo, e de uma forma geral o formato usado na AFL foi predominante na hora de tabular as regras oficiais da nova Liga) e que os campeões de cada conferência se enfrentariam ao final de cada temporada em um único jogo que valeria o título de campeão da NFL. Essa final entre os campeões da AFC e da NFC recebeu o nome de Super Bowl, que hoje é de longe (MUITO longe) o maior evento esportivo do calendário americano.
O primeiro Super Bowl de todos os tempos
A fusão da NFL e da AFL na nova NFL marca o início da chamada "Era Moderna" do futebol americano, e em 1967 (o ano seguinte à fusão) foi realizado o primeiro Super Bowl da história, que terminou com a vitória do Green Bay Packers liderado pelo grande Bart Starr. Como não deve ser de surpreender ninguém, essa fusão também teve um papel importantíssimo para tornar o futebol americano um esporte ainda mais popular. As Ligas que disputavam as atenções dos fãs agora estavam organizadas conjuntamente para atrair todos eles. A nova Liga continuou atraindo atenção, fãs, investimentos, investidores e, claro, muito dinheiro. Mais cotas de televisão, mais patrocínios e a Liga nunca mais parou de crescer. Em poucos anos superou a NBA e a MLB em audiência, e até hoje não para de crescer. Eu vou falar mais do assunto no próximo post, quando vou falar da Liga na atualidade, mas em questão de audiência e dinheiro movimentado nenhuma Liga chega perto da NFL. 9 dos 10 programas mais assistidos da história dos EUA são Super Bowls. Um comercial de 30 segundos no Super Bowl desse ano custava 3 milhões de dólares. E grande parte do sucesso que a NFL teve nos EUA se deve, especialmente, à lendária final entre Colts e Giants, televisionada para todos os EUA, e a fusão entre as duas Ligas rivais que definitivamente criou a Liga mais forte do mundo.
Desde o começo da Era Moderna do futebol americano, tivemos 45 Super Bowls. A estrutura da Liga pouco se alterou desde então, embora várias inevitáveis mudanças tenham acontecido e mais times tenham entrado até chegar nos 32 que temos hoje. Mas a estrutura da Liga e sua importância na atualidade vão ficar pra amanhã (ou sábado, dependendo do meu estado de saúde), quando vou me focar mais na questão da entidade conhecida como NFL: Como ela opera, porque ela tem tanto sucesso na atualidade, qual a importância dela no momento, etc. Hoje foi apenas uma introdução à NFL e ao futebol americano que, espero, até mesmo os fãs antigos achem interessante. Amanhã (ou sábado) a gente continua com nosso Especial NFL. E, mais uma vez, peço a todos que lerem isso a divulgarem como puderem. Quanto mais gente souber, mais gente podemos atingir e mais podemos divulgar o futebol americano.
Texto feito pelo nossos amigos do @tmwarning , e publicado no site deles também